Tatemae e Honne: entenda a dualidade que molda as relações sociais no Japão

Você já reparou como muitos japoneses são extremamente educados e parecem evitar qualquer confronto direto?

No Japão, o que uma pessoa diz em público nem sempre reflete o que ela realmente sente por dentro. Essa diferença entre o que se mostra e o que se sente é parte fundamental da vida social japonesa e está ligada aos conceitos de Tatemae (建前) e Honne (本音).

Compreender esses conceitos ajuda a entender melhor como os japoneses se comunicam e se relacionam, além de tornar mais fácil se aproximar deles de maneira natural e sincera.

Tatemae x Honne: o que se mostra e o que se esconde?

  • Tatemae: a “face social”

O Tatemae (建前) é a “máscara” ou a face que a pessoa mostra ao mundo (aquilo que se diz para manter a harmonia e evitar conflitos). Ele aparece principalmente em situações sociais formais, como reuniões, conversas com superiores, professores, clientes ou colegas que não são muito próximos. Muitas vezes, o Tatemae serve como uma forma de recusar ou discordar sem magoar o outro.

Por exemplo, quando você convida um colega de trabalho para sair depois do expediente, ele pode responder algo como:

「今日はちょっと用事があって…」 (Kyō wa chotto yōji ga atte… – “Hoje tenho um compromisso…”)

Na prática, essas respostas funcionam como uma forma educada de recusar um convite sem dizer diretamente “não quero” ou “não posso”. Ou seja, o Tatemae ajuda a manter as relações sociais harmoniosas e evita conflitos desnecessários.

A palavra tatemae significa literalmente “erguer a estrutura principal de um edifício” e também a cerimônia que celebra sua conclusão. Por extensão, passou a designar a fachada, aquilo que é mostrado ao mundo, mesmo que não reflita completamente o interior.


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  • Honne: a “verdadeira face

O Honne (本音) revela os sentimentos verdadeiros, as opiniões e os desejos genuínos de uma pessoa, mesmo que sejam inconvenientes ou socialmente indesejados. Normalmente, ele é expressado apenas em ambientes íntimos ou com pessoas de confiança, como amigos próximos, familiares ou parceiros. Diferente do Tatemae, aqui não há preocupação em agradar ou evitar conflitos.

Exemplos de Honne em situações do cotidiano:

  • Um colega de trabalho pode dizer, em particular a um amigo: A reunião de hoje foi chata” (Shigoto no miitingu, shoujiki tsumaranakatta).
  • Um amigo pode confessar: “Na verdade, não estou afim de sair hoje à noite” (Hontou wa konya dekaketakunai).
  • Entre familiares: “Pra ser honesto, estou irritado com isso” (Shoujiki ni iu to, chotto iraira shiteru).

O Honne geralmente vem acompanhado de uma linguagem casual, direta ou descontraída, indicando que a pessoa está mostrando quem realmente é.

  • Como identificar quando alguém está usando Tatemae ou Honne?

No Japão, existe uma expressão muito usada para explicar essas sutilezas: “Kuuki wo yomu” (空気を読む), que significa literalmente “ler o ar”. Trata-se da habilidade de captar o clima do ambiente, perceber sinais indiretos e entender o que não é dito explicitamente – algo essencial para diferenciar o Tatemae do Honne.

Uma maneira de identificar o uso do Tatemae é quando a fala de alguém soa excessivamente polida, vaga ou positiva demais.

Por exemplo, se você convidar um colega para um café e ele responder:

「行けたら行きます」 (Iketara, ikimasu – “Se eu puder, eu vou”), na maioria das vezes isso significa uma recusa educada.

Na prática, o Tatemae é mais comum em situações formais, como reuniões, apresentações ou interações com superiores, professores e clientes. Ele funciona como uma forma de preservar a harmonia, mesmo que a pessoa não esteja dizendo exatamente o que pensa.

Já o Honne costuma aparecer em ambientes íntimos e descontraídos, como bares, conversas privadas ou momentos de desabafo. Nessas ocasiões, é mais fácil perceber a sinceridade, pois a pessoa passa a usar uma linguagem casual e direta, deixando de lado a “máscara social” e revelando seus verdadeiros sentimentos.

Em resumo, Tatemae é “o que se deve dizer” para manter a harmonia do ambiente e Honne é “o que realmente se sente ou pensa”.

No Japão, essa dualidade não é vista como falsidade, mas como uma estratégia social para equilibrar relações e evitar conflitos.

Para nós, brasileiros, acostumados a expressar sentimentos de forma mais direta, esse estilo de comunicação pode parecer estranho. No entanto, entender essas sutilezas da comunicação japonesa ajuda a perceber as entrelinhas, evitar mal-entendidos e criar relações mais harmoniosas, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.

E você, consegue perceber quando alguém está mostrando a “máscara” do Tatemae ou os verdadeiros sentimentos do Honne?

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