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Acidentes de trabalho com estrangeiros no Japão passam de 6 mil pela primeira vez

2025-12-01
Publicado por Redação Trabalhos

O Japão registrou, pela primeira vez na história, mais de 6.000 trabalhadores estrangeiros feridos ou mortos em acidentes de trabalho em 2024. O dado liga um alerta importante num país que depende cada vez mais de mão de obra de fora para suprir a falta de trabalhadores causada pelo envelhecimento populacional.

Segundo o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, 6.244 estrangeiros tiveram acidentes sérios o suficiente para exigir quatro ou mais dias de afastamento, ou resultaram em morte. O número vem subindo ano após ano desde 2019, quando o governo começou o método atual de contagem. Naquele ano, eram menos de 4.000 casos.

Um dos principais motivos para esse crescimento, segundo um representante do ministério, está na falta de treinamento adequado de segurança e nas dificuldades de comunicação, especialmente em empresas onde estrangeiros não recebem instruções claras em japonês.

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Entre os grupos mais afetados estão residentes de longo prazo, permanentes e cônjuges de japoneses, que somaram 2.283 ocorrências. Logo atrás estão os participantes do programa de Estágio Técnico, criado originalmente para capacitar profissionais de países em desenvolvimento. Apenas em 2024, estagiários técnicos sofreram 1.874 acidentes. Já os trabalhadores da categoria Specified Skilled Worker (Tokutei Ginou), que chegam ao Japão já qualificados para iniciar suas atividades, contabilizaram 810 casos.

A maior parte dos acidentes ocorreu em setores conhecidos pelo alto risco operacional. A indústria de manufatura registrou 2.979 ocorrências, enquanto a construção civil teve 1.165. Entre os tipos de acidente mais frequentes, destacam-se situações em que trabalhadores ficaram presos entre máquinas, totalizando 1.441 casos, além de 797 quedas registradas ao longo do ano. A barreira do idioma aparece como um dos fatores centrais por trás desses números, já que muitos trabalhadores não conseguem compreender plenamente instruções de segurança ou relatar condições inadequadas.

Quando se compara a taxa de acidentes por mil trabalhadores, a disparidade fica ainda mais evidente. A média nacional, incluindo japoneses, é de 2,35 casos por mil pessoas empregadas. Entre estrangeiros, o número sobe para 2,71. Nos grupos mais vulneráveis, como os estagiários técnicos e os trabalhadores do Tokutei Ginou, as taxas são ainda mais elevadas: 3,98 e 3,91 por mil, respectivamente.

A nacionalidade também revela padrões significativos. Trabalhadores vietnamitas foram os que mais sofreram acidentes em 2024, somando 1.594 casos. Filipinos vieram em seguida, com 878 ocorrências, seguidos por indonésios com 757. Brasileiros também aparecem na lista com 673 casos registrados.

Diante desse cenário, o governo japonês pretende reduzir a taxa de acidentes entre estrangeiros para abaixo da média nacional até 2027. Entre as ações planejadas estão o aumento da oferta de treinamentos de segurança traduzidos e a meta de garantir que pelo menos metade das empresas ofereça materiais acessíveis em vários idiomas. Especialistas alertam que muitos estrangeiros sequer conseguem solicitar compensação trabalhista sem auxílio, devido à complexidade das leis e à falta de fluência no idioma, reforçando a necessidade urgente de melhorar a comunicação e a educação em segurança dentro das empresas.

Os dados mostram que, à medida que o Japão depende cada vez mais de trabalhadores estrangeiros para suprir a falta de mão de obra, garantir ambientes seguros, instruções claras e suporte adequado não é apenas uma medida administrativa, é uma questão essencial para proteger vidas e construir condições de trabalho mais dignas no país.

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