
Se você mora no Japão, já percebeu que os japoneses têm rituais únicos para marcar o fim e o início do ano. Mas existe um costume que carrega séculos de história e que, embora esteja mudando, ainda emociona quem recebe: o nengajou, a tradicional carta de Ano Novo.
Hoje, em um mundo onde tudo vira mensagem de LINE, é incrível pensar que milhões de pessoas ainda reservam tempo, carinho e até caligrafia caprichada para enviar um simples cartão. Mas a verdade é que não existe nada “simples” no nengajou.

Por que o nengajou é tão especial?
Imagine abrir sua caixa de correio no dia 1º de janeiro, e encontrar uma pilha de cartões com mensagens calorosas. Cada cartão representa alguém que pensou em você, que fez questão de desejar boa sorte para o novo ano. Essa é a essência do nengajou: um pequeno gesto que fortalece laços, agradece o ano que passou e celebra o novo ciclo.
Uma tradição que nasceu há mais de mil anos
O nengajou tem raízes no período Heian (794–1185). Naquela época, visitar familiares e pessoas importantes era um ritual essencial no Ano Novo. Mas como nem todos conseguiam viajar, surgiram as primeiras cartas de saudação.
Com o sistema de correios criado no período Meiji, o costume explodiu. Cartões ilustrados, animais do zodíaco, selos decorados… o nengajou virou parte oficial do calendário japonês.
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O Japão leva o nengajou a sério
Tão sério que o correio garante uma proeza: todas as cartas enviadas antes de 25 de dezembro chegam juntas, exatamente no dia 1º de janeiro. É como se cada cartão carregasse um pequeno ritual sincronizado, todos chegando ao mesmo tempo, abrindo simbolicamente o novo ano.
O que colocar em um nengajou?
A beleza do nengajou está na simplicidade:
- 「明けましておめでとうございます」 – Feliz Ano Novo
- Uma frase de agradecimento
- Desejos para o próximo ano
- Seu nome, às vezes uma foto da família
- E claro: uma ilustração do eto (o animal do zodíaco)
E ainda existe o mochu hagaki, enviado por famílias enlutadas, informando delicadamente que não participarão da troca de cartões naquele ano.
A tradição está desaparecendo?
Sim… e não. O número de nengajou enviados caiu drasticamente com o avanço dos smartphones. Em 2003, o Japão enviou mais de 4 bilhões de cartões. Hoje, esse número já despencou para menos de 1 bilhão.
Mas ao mesmo tempo, algo curioso está acontecendo:
- Pessoas jovens estão redescobrindo o charme dos cartões físicos
- Empresas continuam usando para reforçar relações
- Cartões digitais e animações estão ganhando força
Ou seja: o nengajou não está morrendo, está se reinventando.
Por que essa tradição merece ser lembrada?
Porque, no fim, o nengajou fala sobre algo que não sai de moda: conexão humana.
Em um país onde o ritmo é acelerado, o gesto de parar, escrever e enviar um cartão para alguém é quase um ato de resistência, e de carinho. O nengajou mostra que, mesmo na era digital, algumas tradições continuam vivas porque representam valores universais: gratidão, respeito e o desejo sincero de um bom recomeço.
Imagens: Canva e arquivo Equipe Dia a Dia
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O artigo Nengajou no Japão: A tradição das cartas de Ano Novo que ainda emociona foi inicialmente exibido em DIA A DIA.


