O Japão é um país com pouquíssimos recursos naturais. Sem petróleo, gás natural ou carvão em quantidade suficiente, ele depende fortemente da importação de combustíveis fósseis para gerar eletricidade.
Depois do acidente na usina de Fukushima Daiichi, em 2011, quase todas as usinas nucleares japonesas foram desligadas. O resultado foi imediato: aumento no preço da energia, alta nas emissões de carbono e desequilíbrio na balança comercial.
Esses fatores levaram o governo a rever sua política e retomar gradualmente o uso da energia nuclear no Japão.
Se quiser entender mais sobre o desatre de Fukushima existe uma série biográfica japonesa exibida na Netflix, chamada The Days (2023). Ela retrata os dias imediatos após o desastre de Fukushima, mostrando funcionários da usina, operadores e oficiais do governo.
Energia nuclear: um mal necessário?
Mesmo com a resistência da população, o governo japonês considera a energia nuclear uma fonte doméstica e estável. Pois ela:
- Reduz a dependência de importações;
- Manter os preços da eletricidade sob controle;
- Garante energia constante para indústrias e cidades.
A meta atual é que entre 20% e 22% da energia do país venha de usinas nucleares até 2030, um retorno gradual ao modelo anterior a 2011.
E o Japão quer atingir emissão zero de carbono até 2050. Para isso, aposta em um mix energético diversificado, que inclui:
- Fontes renováveis (solar, eólica, hidrelétrica),
- Gás natural (como transição), e
- Energia nuclear (como base estável).
A energia nuclear é considerada “limpa” do ponto de vista das emissões, já que não libera CO₂ durante a geração de eletricidade, o que a torna estratégica para cumprir as metas climáticas internacionais. Mas apesar de ser “limpa” em emissões, a energia nuclear não é totalmente sustentável.
O desastre de Fukushima
Mesmo 14 anos depois de Fukushima, a desconfiança pública permanece forte. Muitos japoneses, especialmente os que vivem perto das usinas, se opõem à reativação dos reatores.
Empresas como a TEPCO, responsável pelo desastre de 2011, tentam reconstruir a confiança anunciando planos de desativar reatores antigos e reforçar os sistemas de segurança. Em Niigata, por exemplo, a companhia avalia descomissionar os reatores mais antigos e criar um fundo de revitalização regional de até ¥100 bilhões, como forma de compensar a comunidade local.
Com um setor industrial altamente dependente de eletricidade, o Japão precisa de fontes seguras e previsíveis de energia. Além disso, as tensões na Ásia, envolvendo China, Rússia e Coreia do Norte, reforçam a importância da autossuficiência energética. As usinas nucleares ajudam o país a reduzir riscos externos e garantir fornecimento constante mesmo em crises internacionais.
A energia nuclear japonesa representa um dilema constante: é necessária para o desenvolvimento econômico, mas ainda desperta medo e desconfiança.
Enquanto as fontes renováveis não conseguem sustentar toda a demanda, o governo segue apostando nesse modelo como ponte entre o presente e o futuro energético do Japão.
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